quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Uma história de cachos: Entrevista com Prescila Prado

Olá queridas e queridos! 

A entrevista de hoje é com a Prescila Prado, moça conhecida por muitos de nós no grupo No/Low Poo - Iniciantes no Facebook. Você certamente encontrará neste grupo muitos produtos cadastrados por ela, demonstrando um verdadeiro esforço, quase de garimpo por novos cosméticos, além de diversas dúvidas sendo sanadas, resultado do seu conhecimento amplo sobre o assunto. Foram inúmeras as vezes que eu, no início da minha caminhada No/Low Poo, contei com a ajuda da Prescila. E ainda hoje, de vez em quando, ainda tomo o tempo dela! É inegável sua enorme contribuição àquele espaço que para nós é tão importante e aconchegante. 
A Prescila é paulista, mora em Cajamar e estuda engenharia. Para muitas de nós - e eu preciso dizer que isso me incluí bastante! :) - o cabelo da Prescila é muita inspiração <3. Contudo, quem conhece estes lindos cachos ruivos, não imagina o processo longo e de auto-aceitação que a Prescila passou. Ela aprendeu a cuidar dos fios e a descobrir gradativamente a textura que eles têm. Assim como qualquer moça que passa pelo período de transição, Prescila conheceu altos e baixos. Precisou confrontar a si mesmo e passar por momentos de descobrimento e aceitação. Quem é a Prescila Prado? Você descobrirá a resposta desta pergunta com a entrevista abaixo!



Não devemos ter medo dos confrontos... 
até os planetas se chocam
e do caos nascem as estrelas.
(Charles Chaplin)

Prescila Prado

Certamente a química fez parte da sua vida. Você recorda quando começou a utilizá-la? Quais foram as suas motivações para mudar a textura do cabelo?

Em 2009. Fazia definitiva a cada 6 meses
e progressiva a cada 3 meses. Auto-cobrança.
A primeira química (alisante) que usei foi entre 10 e 11 anos não me lembro exatamente. Lembro que quem passou pela primeira vez foi uma vizinha que usava e também passava em sua filha. Na minha família por parte de mãe a maioria das minhas primas tinham o cabelo crespo e morávamos todas no mesmo terreno, mas minhas primas por parte de pai, que eram as que eu convivia mais, tinham os cabelos escorridos e foi por isso que sempre quis ter o cabelos liso, por ver a facilidade que elas tinham em como lidar com o cabelo, acordar sem ter que fazer nada, não precisar usar creme de pentear pra domar a juba, usar vários penteados e eu sempre com os cabelos presos.

Certamento você deve ter alguma lembrança de infância ou da adolescência que esteja relacionada ao seu cabelo.


Foto de Agosto de 2002:
Prescila e a sua última
progressiva em Julho do
mesmo ano.
Na infância tinha sempre aquele problema de me sentir inferior as minhas amiguinhas da rua pois todas tinham os cabelos lisos. Lembro de quando brincávamos de piscina de plástico o meu cabelo virava uma arapuca rsrs e também das trancinhas horrorosas que era obrigada a usar pra poder ir pra escola. Não que meu cabelo fosse totalmente indomável mais naquela época minha mãe não sabia como cuidar mesmo tendo o cabelo crespo. E na adolescência foi onde mais senti vontade de ter os cabelos “lisos” por sempre achar ser mais bonito. Nessa época (até os 18 anos) só relaxava mesmo mas não ficava satisfeita pois o meu cabelos mesmo sendo do tipo 3C não segurava o relaxamento e acabava fazendo o retoque com mais frequência. Depois disso comecei a fazer também a escova definitiva juntamente com as progressivas marroquina e alemã, uma mistureba total. Fazia em casa mesmo.

"... tomei a decisão por mim mesma
sem nem saber que existiam
grupos específicos para isso na internet"


E quando você decidiu ter o seu cabelo natural? O tempo que demorou em transição e o momento que chegou a finalizar este processo com o seu BC.

Em 2005, Prescila fazia
relaxamento. O cabelo
estava sempre espigado.
Estava sempre na escova
e prancha. 
Fiquei nessa até os meus 25 anos (2008) quando tomei a minha primeira decisão, mas fiquei pouco tempo em transição (na época nem sabia que se chamava assim) só uns 4 meses. Não consegui lidar com as duas texturas, aquele cabelo alto na raiz me incomodava muito. E continuei nessa vida (escravidão/dependência) até julho/2012 data da minha última progressiva. Dessa vez tomei a decisão por mim mesma sem nem saber que existiam grupos específicos para isso na internet.


"Vejo as pessoas reclamando muito
de pessoas que se interferem na decisão
  mas comigo nunca aconteceu
pois 
foi uma decisão muito consciente e não dava margem para ninguém comentar".

Novembro de 2012:
Em transição capilar
Todas nós sabemos o quanto é complicado a decisão de ter o cabelo natural. Um parte pela aparência a qual nos apegamos, outra parte pela recusa quase que certa das pessoas que nos rodeiam. Como foi a reação  entre as pessoas da sua família, e nos ambientes que você frequentava?

Vejo as pessoas reclamando muito de pessoas que se interferem na decisão mas comigo nunca aconteceu pois foi uma decisão muito consciente e não dava margem para ninguém comentar. Difícil mesmo foi convencer o meu esposo que iria fazer o BC. Ele concordava com a fato de eu não querer mais usar química mais o BC já era outra história, fui cortando aos poucos para não assustar, mais na verdade eu estava tão decidida a retirar a parte com química que acabei chegando um dia do trabalho e cortando tudo sem nenhum arrependimento.

 "Nunca tive uma inspiração, 
                                          na verdade visitava vários
blogs e canais, 
fiquei viciada nisso".

E as inspirações... Quem te inspirou nessa caminhada?

Quando entrei em “transição” (durou 10 meses, de julho/12 á maio/13) comecei a buscar dicas para cabelos. Antes frequentava só página relacionadas á alisamentos/progressivas. Entrei no grupo “Amigas Cacheadas” e “Cacheadas em Transição” e as dicas e histórias das moças que estavam na mesma luta foram muito preciosas. Nunca tive uma inspiração, na verdade visitava vários blogs e canais, fiquei viciada nisso.
   
                                               
Cortes no período da transição, da esquerda para a direita:
Foto de Abril de 2013; cachinhos dando o ar da graça e por último, o último corte em maio de 2013. 

Quando o No e Low Poo apareceu para você?


Já conhecia a técnica antes de entrar no grupo, mais não tinha muita curiosidade não, até que alguém colocou o link do nosso grupo em um outro comecei a participar mais por curiosidades mesmo. Foi assim que cortei. Como acontece com todos que entram no grupo rsrs. Fiquei fascinada com tanta informação, um mês depois de entrar e devorar todos os arquivos e álbuns comecei a fazer o low, foi muito fácil pois a maioria dos meus produtos eram liberados para a técnica, me desfiz de poucos produtos.


Foi notável mudanças nos seus cabelos antes e depois das técnicas?

BC (Big Chop) realizado.
 Maio de 2013

Não tenho como fazer uma comparação pois já comecei a fazer a técnica com o cabelo natural  (7 dedos de comprimento) mas meus cabelos já eram bem tratados apesar das químicas e sempre fiz o cronograma capilar. 

São tantas opções no mercado que todas nós ficamos perdidas. Quais produtos você mais gosta de usar? 

Sem dúvida nenhuma são os leave-in's da skala em primeiro lugar e óleos vegetais. De resto não tenho muito preferencia não pois gosto de alternar.


"Hoje em dia faço o “no poo com anfótero”
 não estou usando shampoo
há um bom tempo".

Posso concluir que para você, nem sempre produto caro é produto bom?

Dezembro de 2013:
Crescimento load...

Em termos rsrs eu sou suspeita para falar pois sou usuária de produtos baratinhos sempre. Claro que não tem como comparar um produto semi ou profissional com um de "mercado" pois atrás de alguns produtos caros tem todo um trabalho, composições mais ricas em ativos, em contrapartida tem o preço que se paga pela "marca". Mais existe muita coisa boa com preços acessíveis basta saber procurar e deixar o preconceito de lado.



Você segue alguma rotina para tratamento dos fios?

Desde a época das químicas até a transição sempre mantinha o CC (cronograma capilar) em dia, mas depois que iniciei no/low poo fui sentindo menos necessidade de seguir regradinho mas continuei fazendo pois como toda iniciante fiquei viciada em comprar produtos e tinha que usar né? kkkk. 
Hoje já não faço mais cronograma, vou de acordo com o que acho que meu cabelo pede, meio que já sei pelo toque. Hoje em dia faço o “no poo com anfótero” não estou usando shampoo a um bom tempo, só fazendo co wash mesmo.


Janeiro de 2014

"Algumas pessoas me procuram fora do grupo, geralmente pra pedir dicas de produtos ou com dúvidas na técnica, respondo com todo o carinho."

Quem te conhece sabe que você é uma das cabeças do grupo No/Low Poo Iniciantes no Facebook, grupo que, de meses pra cá, por conta da divulgação ampla da mídia, tem aumentado consideravelmente o número de participantes. Foi você quem montou o grupo no/low poo? Fale sobre sua atuação no grupo. Muitas pessoas te procuram individualmente? Quais as questões mais abordadas nesta procura? O que você observa como moderadora do grupo de uma maneira geral? 

Acessório no cabelo em
Junho deste ano
Entrei no grupo e depois que aprendi um pouco era muito ativa, respondia quase todas as dúvidas do pessoal e coincidiu de a Amanda precisar de alguém pra ajuda-la na moderação devido ao crescimento (quando eu entrei tinha 3 mil, quando passei a moderar tinha 7 mil e hoje já estamos com quase 20 mil, muita coisa rsrs). Algumas pessoas me procuram fora do grupo, geralmente pra pedir dicas de produtos ou com dúvidas na técnica, respondo com todo o carinho.
Como moderadora, assim como as participantes mais antigas me incomodo muito com as perguntas repetitivas e óbvias que são fáceis de se obter respostas com uma breve leitura.


Imagino que as pessoas costumam perguntar o que você faz no cabelo para ele ser tão bonito. Você explica a técnica a quem não a conhece? E as reações? Geralmente quando falamos para as pessoas que shampoo em demasia não faz bem ao cabelo, ou que algumas pessoas não fazem uso de shampoo, as reações são diversas... rs A mídia já tem reservado muitas críticas sobre o assunto. 



Perguntam sim, como que faço para o meu cabelo ser definido, perguntam se é permanente. Não falo sobre a técnica pois é complicado colocar nas cabeças das pessoas que determinadas substâncias são agressivas para os fios. Mas costumo indicar tratamentos, falar sobre o cronograma, como finalizar os cachos...


"...a técnica (No/Low Poo) 
antes de mais nada é leitura e entendimento".

Mas vem cá. Se eu não perguntar isso, elas me matam! E a cor deste cabelo?!?! (Todas querem saber!) Parece que seu cabelo mudou de cor radicalmente se comparado ao período que você alisava os fios. 

Desde a época de progressiva tenho preferência por tons marrons puxando para dourado ou acobreado. No momento eu estou mais para o acobreado. Não me preocupo muito com marcas de tinturas já que estou sempre mudando para ver testes, a única preocupação é que fique entre o louro escuro acobreado ou marrom dourado. Atualmente o tom é uma mistura de Tintura Cor & Ton 7.46 + 10.0 passado por cima do cabelo descoloridos com soap cap. 




"Hoje com certeza me sinto infinitamente melhor
pois 
querendo ou não sou a "diferente"
entre os que me rodeiam."

Quais dicas você considera essenciais para quem está iniciando o No/Low Poo?


"Sugar" ao máximo de informações sobre a técnica, seja no grupo ou no Google. Que a técnica antes de mais nada é leitura e entendimento. Vejo muitas pessoas que começam a técnica e estão fazendo co wash com condicionador com silicones, isso é uma coisa básica que todos devem saber. E também sempre andar acompanhado de tabelinhas, listas, fotos e tudo mais que puder na horas das compras até ter confiança.

Quem é a Prescila hoje? O que essa mudança capilar ensinou a você?

Bom.... Nunca fui uma pessoa que dependesse da aparência para me sentir bem, mais claro que antes da aceitação do cabelo natural me sentia muito mais confortável com os cabelos "lisos".  Hoje com certeza me sinto infinitamente melhor pois querendo ou não sou a "diferente" entre os que me rodeiam, e é um diferente positivo pois não tenho problemas com aceitação,  as pessoas tem curiosidade (e até vontade/coragem)  não tenho mais aquelas preocupações com fio fora do lugar, não ligo para frizz. 






Inspiração